Recentemente o site IGN realizou uma entrevista com Dan Houser, vice presidente da RockStar Games. Foi uma entrevista com alguns detalhes curiosos porém muito extensa (ao todo 20 páginas.
Tomei a liberdade de traduzir algumas perguntas que fossem mais relevantes e que pudessem deixar os fãs de GTA mais anciosos pelo seu lançamento.
Aproveitando o tópico: alguns sites (incluindo a própria IGN) foram convidados para testar alguns modos multiplayer do GTA. Verei se consigo pegar o melhor de cada preview e postar aqui.
Lembrando que espera-seque estes sites especializados lancem os Reviews (análise) do GTA IV por volta do dia 20, então essa reta final estará cheia de detalhes.
Não reparem na artificialidade da tradução, fazia um bom tempo que não traduzia um volume de textos assim e não tive tempo de revisar, já que já lançaram os previews do multiplayer e há mais o que se traduzir.
Bem, espero que sirva para algo a tradução. Tá grande, mas é aquela coisa.. leia quem quiser =P:
IGN: Qual a diferença entre a história do GTA IV e dos 3 jogos anteriores?
Dan Houser: Bem, acreditamos que tudo. [risos] Nós criamos um mundo do 0 desta vez. Mantivemos algumas marcas antigas que combinassem -- parte do problema é que existem muitas marcas. Existe no jogo entre 400 e 500 marcas fictícias, então criar do 0 pareceu besteira, por isso foi uma boa utilizar as já existentes nos outros jogos.
Em termos de personagens, a medida que fomos melhorando os gráficos, a física e a animação, a qualidade da escrita e a estrutura da história sempre foram balanceados para refletir essas coisas. Então se fossemos partir para um estilo mais natural em física ou iluminação, iriamos para um estilo mais natural de escrita que combinasse -- os motivos de conseguirmos utilizar isso e fazer as cutscenes ligeiramente mais longas é porque nós tínhamos uma animação facial tão boa que nos possibilitava ser mais detalhistas com alguns e mais intimistas com outros. As cutscenes tinham que parecer bonitas já que elas amarram a história do jogo
Em termos de como a história é estruturada, continua sendo um jogo sobre crime e ele continua um criminoso que trabalha para outros criminosos, porque esta é a natureza de ser um criminoso.
Este é o tipo de mundo que estamos tentando demonstrar, mas queremos fazer alguns aspectos mais sútis e sofisticados
Eu acho que o grande foco era fazer Niko um cara balanceado do que os personagens anteriores, sem se tornar tão imponente porque o que eu acho que funciona melhor nesses jogos é que o personagem principal seja a cidade. O principal personagem que Aaron [Garbut], o Diretor de Arte, e sua equipe fizeram foi este mundo. Quando estou jogando tenho que me sentir ligado ao cara com o qual estou jogando, então ele tem que parecer que não sabe de coisas que você não sabe. Se ele estivesse encontrando essas pessoas que ele já conhecia e ficasse cheio de "Ah isso, ah aquilo, vamos para lá". Bem, você nunca esteve lá antes, então o vínculo acaba quebrando. Mas da mesma forma se ele é como um fantasma sem memórias ou existência antes disso, ele é um personagem sem profundidade alguma. Não tem como você se relacionar a ele.
Nos demos a Niko meio que um cenário, um plano de fundo ligeiramente mais denso que no passado, um que pudessemos facilmente nos relacion. Em seguida demos alguém que ele já conhecesse, que é Roman, seu primo. O resto é ele explorando o mundo do mesmo jeito que você, conhecendo pessoas à medida que você às conhece.
Mas, acho que a diferença fundamental é que estivemos trabalhando no jogo faz um bom tempo agora -- você sabe, nos jogos do GTA -- e nós ainda temos os mesmos caras trabalhando nos jogos da mesma forma que sempre trabalharam. A equipe está maior, mas é formada pelo mesmo perfil de pessoas, então nós estamos mais experientes no que fazemos.
Sabemos como fazer isso melhor tendo feito o melhor que podíamos no passado, mas seria um tanto quanto entediante se não tivéssemos melhorado naquilo que fazemos. Com melhores equipamentos e melhor experiência, esperamos fazer um trabalho melhor.
Outra mudança fundamental, é difícil falar sobre isso porque as pessoas ficam confusas sobre o que nós estamos falando. Há diversos momentos que você modifica a continuidade do jogo podendo fazer escolhas como jogador, alguma delas que resultam em mudanças fundamentais na história, mas não quer dizer que existam 10.000 diferentes opções porque, novamente, isso não faria sentido para o personagem, onde ele se encontra ele está basicamente obedecendo pessoas mais poderosas. Mas mesmo assim você tem uma boa quantidade de momentos em que faz sentido, se tratando das alternativas que lhe foram dadas e a narrativa, de você fazer escolhas que podem gerar mudanças curiosas no rumo da história do jogo.
IGN: Quão radicais foram as mudanças da arte em relação ao San Andreas
Aaron Garbut: Como todas as outras partes do jogo nós aproveitamos essa oportunidade para separar tudo e começar denovo. Eu acho que ainda há elementos do estilo original, mas muito mais refinados.
Há um novo visual e as texturas super saturadas, efeitos de iluminação e sensação de desenho se foram, mas nós não estamos almejando o realismo de forma alguma.
Quando você coloca uma imagem do GTA, GTAIII e GTA IV um perto do outro eu acho que dá para perceber um traço de estilo entre eles e eu acho que o avanço nos detalhes entre eles muito similares. É excitante ver o quão longe nós chegamos e o quão longe ainda podemos chegar.
IGN: O que as pessoas deveriam pegar do último trailer que eles talvez não tenham percebido de imediato à primeira vista?
Dan Houser: Ficou bom, não?
IGN: Eu adorei. Senti como se os três primeiros trailers levassem a isso. É como uma grande rajada.
Dan Houser: Não não tínhamos como [nos trailers anteriores] mostrar a qualidade viceral da ação no jogo. Parcialmente porque o jogo não estava pronto naquele momento. O primeiro trailer foi feito e o jogo estava rodando, ainda muito cru. As cutscenes chegaram a bordo no segundo trailer, então polimos algumas delas para colocá-las lá. Desta vez nós realmente tínhamos a ação que desse a sensação de, "É assim que é no jogo."
Nós queríamos que fosse mais sobre as qualidades viscerais do jogo e da ação e menos sobre a história, porque os dois primeiros trailers eram para preparar o cenário. Este agora é para passar a sensação -- A idéia de que é realmente difícil ser um criminoso hoje em dia. É fácil ser ser um cara fraudando pessoas na internet, mas para ser um traficante ou um chefe da mafia ou um desses arquétipos criminais -- existe tanta vigilância, tantas maneiras de ser capturadas e tantas pessoas para te trair que torna tudo extremamente difícil. É como o fim de uma era.
Queríamos capturar a idéia no jogo e esses tipos de personagens que parecem que estão desesperados e quebrados e que esta é a última chance deles, usando este cara do Leste Europeu para tentar ajudar a tirá-los deste último grande buraco que eles se enterraram. Queríamos passar essa sensação no trailer. E também a sensação de ação muito, muito intensa. Como quando as balas começam a ricochetear tudo, como é sentir isso? Isso é algo que colocamos no jogo pela primeira vez e que não podíamos colocar nos jogos anteriores. Porque você caminhando pelo seu próprio caminho de uma maneira que não podia antes.
IGN: Então podemos esperar que se depois de eu jogar eu conversar com um amigo e falar, "nossa cara, isso, isso e isso aconteceu" ele poderá dizer "Bem, algo totalmente diferente aconteceu comigo.". É algo que vocês buscaram fazer?
Houser: Sim, de certa forma. Não é que terão 14.000 caminhos diferentes no jogo. Mas sim, há varias coisas que se você jogar e eu jogar, teríamos, no geral, experiências similares, mas há diversas mudanças onde você terá feito escolhas diferentes, coisas diferentes, acabe vendo coisas diferentes. Há muitos diferenças nisso, incluindo algumas cutscenes -- não tão fundamentais. Isso deverá agradar bastante o jogador, fazendo com que eles sintam como se estivessem manipulando o restante da história.
IGN: Uma das primeiras coisas que percebi quando o jogo foi anunciado foi que escolheram chamá-lo de GTA IV. Foi para dizer de uma certa forma que esta era uma verdadeira seqüência, que estavam dando um passo tão grande como do GTA 2, que a visão era de cima, para o GTA III, que, claro, era 3D e um mundo mais aberto?
Dan Houser: Sim, definitivamente. Exatamente isso. Nós certamente fizemos nosso melhor para garantir que Vice City e San Andreas parecessem jogos novos e excitantes, porém o problema é que o GTA III já estava utilizando o hardware do PS2 brutalmente. As melhorias foram na parte de produção e escala.... Nós queríamos que a sensação fosse tão grande quanto a do 2D para o 3D.
IGN: E eu acho que há coisas sutís também, que você só percebe quando você está jogando. Se você passear pelas ruas por 5 minutos e entrar em 2 carros diferentes e tentar fazer curvas fechadas você sentirá como é diferente.
Houser: Eu acho que certamente se você jogar por mais de 10 segundos. Nós sempre quisemos um jogo que você pudesse pegar e se divertir, controlar o personagem, controlar o veículo e começar a se divertir em apenas 3 segundos. Mas há tanta profundidade que continua sendo um teste de habilidade e uma diversão para mais de 1 hora, 15, 20, 30, 100, ou que seja. Então terão toneladas de pequenas coisas que você perceberá com o tempo que fará com que você diga "Nossa, isso é legal; Nunca tinha visto esse tipo de coisa em um jogo" mas você ainda vai ter aquele "wow". Você não estaria, "Ah, ficou um pouco melhor.". Não pode parecer um GTA 3.5
IGN: É, não parece.
Dan Houser: Muito obrigado. [risos] Caso contrário os últimos 3 anos teriam servido para absolutamente nada.
IGN: Bem, eu acho que uma das coisas que muda a forma de se jogar durante uma missão é ter o sistema de cobertura. Isso em algum momento preocupou se poderia atrasar um pouco as coisas? Quão cedo o sistema de cobertura influenciou e se tornou parte do jogo?
Dan Houser: Bem, o sistema de mira foi algo que nós percebemos que agora teríamos a capacidade de fazer do jeito que queríamos. Nós conseguiríamos uma AI (inteligência artificial) boa o suficiente para justificá-lo. Isso foi trabalhado bem, bem no começo. San Andreas terminou em Outubro de 2004 e o pessoal lá do Norte (Rockstar North) têm um mês de férias após o termino de um jogo, logo após começamos isso. A bola começa a rolar razoavelmente calma. Fazer um jogo é como escalar uma montanha; vai ficando cada vez pior, o ar fica cada vez mais rarefeito à medida que o tempo vai esgotando.
Mas nas primeiras listagens nós sabíamos que se estávamos partindo para um next-gen nós teríamos que pegar o tempo que fosse preciso para melhorar o sistema de mira, porque isso é algo que nós podíamos fazer corretamente agora. E à medida que começamos a juntar com o sistema de cobertura, isso se tornou uma adição natural. Então eu posso pegar o sistema de mira e adicionar um sistema de cobertura para ter certeza que todos as armas funcionem perfeitamente.
IGN: Existia o elemento RPG no San Andreas que não terá no GTA IV: Qual foi a decisão de tirar, ou diminuir, isso?
Dan Houser: Eu acho que foi uma questão de tempo e nós tiramos muito cedo. Queríamos muito melhorar as animações e a mudança de tipo físico não nos permitia isso. Seriam braços passando por dentro do estomago e todo esse tipo de coisa. Você não perceberia nos jogos anteriores ou você nem ligaria e não queríamos fazer isso desta vez. Niko tem mais coisas a fazer. Ao invés de ir malhar ele vai jogar boliche ou ao cabaré. Nós definitivamente queríamos por um monte de coisas para você "passear por aí", mas queríamos mais atividades do que academia.
IGN: Então, vocês criaram um mundo massivo, com milhares de coisas escondidas que provavelmente demorarão mais de 100 horas para serem totalmente descobertas e apreciadas. Com isso, pegaram tudo e jogaram em um componente multiplayer gigante.
Dan Houser: Nós não podíamos fazer isso antes, porque as máquinas não nos deixavam -- A coisa mais básica, o ponto de partida foi, "Podemos fazer o mundo rodar e funcionar em multiplayer?" E você não podia antes. Agora podemos, então foi algo como "Ok, agora como podemos fazer com que isso passe a sensação do GTA e não como outros jogos multiplayers fazem, que acabam como algo separado."
É o que estamos tentando. Acredito que o jogo como um todo trará uma experiência cinematográfica além disso... Você será um gangster, mas não um gangster que assalta bancos, você será um gangster cheio de experiência. É isso que o modo single-player tenta ser: colocá-lo como o astro de seu próprio show de TV. E acho que o modo como olhamos o multiplayer não permite -- e ainda estamos tentando descobrir o porque disso -- recriar a experiência completa da narrativa. Ao invés disso você consegue recriar alguns aspectos, como uma perseguição de carros alucinante. Então "Cops 'n' Crooks" (Polícia e ladrão) é uma grande forma, porque você sente que você e todos os outros estão tendo uma experiência de gangsters. Agora, claro que é mais para um trecho do que o filme inteiro, mas trará a sensação de um filme.
IGN: É, quando estivemos brincando como gangsters eu vivia falando, "Cara, é como se eu estivesse revivendo o 'Reservoir Dogs' ('Cães de Aluguel')."
Dan Houser: Sim, o que é brilhante.Acho que isso é algo que os jogos multiplayers estão implorando. Em termos de acessibilidade, em um monte de jogos em primeira pessoa, a tendencia é ter uma barreira de habilidade para conseguir começar a jogar e acho isso meio.... claro que você terá um jogo baseado em habilidade, mas será fácil para as pessoas pegarem o jogo e se divertirem sem se sentirem tão intimidadas [no GTA IV].
IGN: O que me impressionou de verdade é que vocês conseguiram manter a idéia de um mundo aberto no multiplayer, que é algo que a maioria das pessoas sentem falta. GTA Race, na maioria dos jogos você estaria preso no seu carro, preso à uma pista. Mas se eu quiser sair do meu carro, roubar um novo ou atirar nos competidores ou fazer bloqueios na rua, eu sou livre para isso.
Dan Houser: Isso é o que eu estava dizendo sobre o mundo ter quer funcionar e aí sim você projetar em volta dele, porque é assim que um jogo funciona. Você não pode jogar só as idéias principais do jogo para fazer algo. Bem, poder pode, mas seria um jogo totalmente diferente. Se você quer fazer um GTA com multiplayer ele tem que parecer igual ao original. Não pode ser "Aqui está uma série de modos paralelos para vários jogadores que tem alguma semelhança com o original". Tem que ser muito similar, mas com pessoas de verdade andado por aí.
IGN: Por que não tem um modo de campanha cooperativa? Há algo que o modo co-op seria uma grande limitação para a história?
Dan Houser: É. Nós brincamos um pouco com isso e acabamos colocando um modo separado, que fosse projetado, elaborado e usasse mais elementos que os outros modos multiplayer mas menos que a história principal. Histórias paralelas que dessem a sensação de ambos (multi e single player), mas se você estava se referindo o jogo inteiro cooperativo, então o modo single-player estaria extremamente comprometido. E ainda não joguei algum jogo que esse não fosse o caso.
IGN: Nas primeiras 5 horas você está seguindo a história, e em algum momento você diz: "Vou ficar passeando por aí" e então acaba se perdendo pelo mundo por 5 dias.
Dan Houser: Eu acho que criando essa experiência no multi player (e esse foi o motivo de termos colocado um modo [Livre]) é que seria o mesmo que "Bem, podemos dar uma saída e ir para tal lugar e depois decidimos que queremos bater no nosso amigo alí do lado, então o perseguimos pelo mundo". Existe a liberdade para isso. Isso somado com os outros modos estruturados eu acho que deixa tudo balanceado. O multiplayer é algo do qual nos orgulhamos muito. Será muito divertido para nós vendo a reação das pessoas. Nós temos várias idéias debaixo das mangas para modos futuros, mas queremos saber o que as pessoas gostam ou não. Nós nunca fizemos isso antes, então fizemos um trabalho tão completo quanto poderíamos conseguir. Colocamos vários modalidades lá, porque queríamos cobrir todas as bases. Algumas coisas serão incrivelmente populares enquanto outras não, isso será divertido assistir.